sábado, 2 de abril de 2011

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 5

DIA 49 (18.03)
Hoje estamos em Santos. Agora irão começar os mini-cruzeiros, de 3 e 4 dias. Isso significa mais trabalho, já que teremos 2 luggages por semana. Estaremos em Santos nas segundas e sextas-feiras, mas continuo sem poder descer. Hoje liguei para casa, conversei um pouco com minha mãe e minha avó, deu saudade. Fiquei sabendo que um dos meus hamsters morreu. Hoje o luggage em Santos foi suave, pois os guests não precisam trazer tantas malas para passar apenas 3 ou 4 dias. Agora que tomei aquele banho, vou ler um pouco e depois dormir, vou tentar acordar mais cedo pra ir pra academia, see you!

DIA 50 (19.03)
Hoje estamos em Búzios (de novo!). Após o trampo, descemos a turminha de sempre: eu, a Taís, a Luana, o Michel e o Lucas. Demos uma volta na cidade e paramos em um restaurante italiano que tinha wifi, assim podemos cada um usar seu notebook pra se comunicar com familiares e amigos. No meu MSN não tinha muita gente online, mas tc com uma pessoal especial, ela. Ainda depois de tanto tempo longe dela, de tanto tempo sem vê-la, sem ouvir a sua voz, ainda assim foi muito bom tc com ela. Depois voltamos pra “casa” e fomos pra academia, fiz um treino leve, fomos jantar e agora, estou aqui sem sono. Já são quase 21h30 e eu tenho que entrar à 01h00, mas já comprei um RedBull, pois sei que vou precisar dele. See you!

DIA 51 (20.03)
Dia de navegação. O trampo hj foi suave e tranquilo, o Lucas, a Luana e a Taís passaram lá no teatro e ficamos conversando um tempinho. Após o trampo fui almoçar e depois resolvi vir pra cabine e descansar, hj não tem academia pra mim, como amanhã entrarei só as 03h00, vou aproveitar e dormir bastante, pois estou precisando. Agora vou tomar um banho e nem vou ler, vou dormir, rsrs. Estou ouvindo música no pc, e cada música me faz lembrar de tudo o que eu fazia no Brasil, das pessoas, dos lugares... Faltam menos de 20 dias para que o navio comece
 a travessia dos mares e chegue em Tenerife e depois na Europa, já começo a ficar ansioso...

DIA 52 (21.03)
Hoje estamos em Santos. Assim que o navio atracou no porto, vi que ele estava de frente para o terminal, o que me fez ligar pra casa e avisar o povo. Meu tio Benedito veio até aqui e eu pude descer no break do meu almoço e me encontrar com ele. Foi bom poder revê-lo, ele foi o primeiro familiar que eu vi nos 52 dias em que estou aqui. Agora sei que dia 1º de abril o povo vem aqui, mais pra conhecer o navio do que pra me ver, mas tudo bem, rsrsrs. O luggage da manhã foi tranquilo, em menos de 1h a gente terminou, o da tarde, apesar de demorado, foi tranquilo também, sem que precisássemos ficar na agitação e correria que eram os luggage dos cruzeiros de 7 dias. Agora tomei um banho daqueles, e vou ler um pouco e depois dormir. Amanhã entro às 3h de novo.

DIA 53 (22.03)
Hoje estamos em Búzios. O dia esteve meio chuvoso, mas mesmo assim descemos para usar a internet, #fail. Achamos alguns sinais de net, mas a maioria com senha, os que achamos sem senha, estavam muito fracos, consegui ficar conectado apenas 10 minutos, tempo suficiente para dar os parabéns ao Léo, que faz níver hj. Agora voltamos pra cabine e vamos tentar descansar um pouco para mais tarde ir pra “Brazilian Party”, festa brasileira. Uhu!!! A cada dia que passa, a “travessia” fica mais próxima, já tá dando um frio na barriga só de pensar que daqui menos de um mês estarei na Europa!

DIA 54 (23.03)
Hoje estamos em Ilha Grande, que faz parte do Arquipélago de Angra dos Reis (RJ). A ilha não tem nada além de comércio e casas, parece mais a ilha de Lost, por isso não quis descer, o pessoal tb não quis e a turma da academia resolveu ir malhar, após a malhação, vim pra cabine, tomei um banho daqueles e agora vou ler um  pouco e depois dormir, pois estou precisando, amanhã é dia de navegação, estou pensando em fazer “laundry” e depois dormir. O dia não teve muito o que dizer, por isso só escrevo isso, tchau...
                                                                            
DIA 55 (24.03)
Hoje estamos em dia de navegação. O navio está quase parado (e as vezes ele para mesmo!) pois temos que fazer o percurso entre Ilha Grande e Santos com um dia inteiro de navegação. Na madruga o trampo foi de boa, fiz o de sempre, teatro Masquerade e decks 5-2. Depois do break voltei a fazer a i95, com a ajuda da Luana e da Taís, fui para o segundo break, que aproveitei para ouvir musica e relaxar um pouco, e na volta eu e a Taís fomos para o deck 9, o deck da piscina, ajudar os pool attendants. Foi de boa, depois deu a hora de terminar tudo e ir almoçar. Após o almoço fui pra laundry e deixei minha roupa lavando enquanto ia pra academia, fiz só pernas hoje bem leve, e depois voltei pra laundry pra ver minhas roupas, estavam secando já. Esperei um pouco e depois que terminou, as passei (um sacrifício passar roupa) e vim pra cabine, aqui estou escrevendo e ouvindo música, depois vou ler um pouco e dormir. Assim é minha vida aqui!!!

DIA 56 (25.03)
Hoje estamos em Santos. É difícil chegar até aqui, passar quase o dia todo em Santos e não poder descer, ver meus amigos e parentes. O pior é ver o pessoal que pode descer indo pra casa. Mas nem tudo poderia ser perfeito. O trampo foi de boa, o luggage de cruzeiros de 3 dias é suave, o da manhã foi rapidinho e o da tarde nós terminamos antes das 16h00. Após isso, fui comer alguma coisa no Mess e depois entrei na net, fazia tempo que eu não fazia isso, conversei com algumas pessoas por um pouco mais de 1 hora. Acho que só aumentou a saudade que eu estou sentindo dessas pessoas. Agora vou ler um pouco e depois dormir, amanhã entrarei às 03h00 de novo.

DIA 57 (26.03)
Hoje estamos em Búzios. Já não aguento mais estar em Búzios 2 vezes na semana, descemos só para usar a internet mesmo. O trampo foi “tranquilão”, como dizem os cariocas, durante a madrugada. Depois do break, fui pra piscina ajudar os pools, não fiz muita coisa lá e foi só cumprir hora mesmo. Em Búzios, pude revelar algumas fotos que irão me ajudar a matar a saudade do povo do Brasil, já colei todas do lado da minha cama... O Michel não desceu hj pq estava de portmaning, foi barrado na gangway. Hoje nós participamos de um treinamento de helper de housekeeping, e agora (20h30) que eu vou dormir, pra 01h00 estar trampando de novo.

DIA 58 (27.03)
Hoje é dia de navegação! Dia de sorvete no Mess... Após o meu break, fiquei a maior parte do meu tempo com os pools attendant, hj a Taís já estava de pool, ela teve que, assim como a outra Thaís, subir pra piscina. Fiquei lá de olho no movimento e algumas vezes fui buscar toalha na lavanderia. Depois tivemos uma reunião com o manager sobre segurança. O Jonas me passou algumas apostilas de italiano, inglês e alemão, já tenho que ir treinando, daqui menos de duas semanas estaremos na Europa... Fomos pra academia, agora que voltei e estou super cansado, vou dormir, amanhã tem luggage...

DIA 59 (28.03)
Hoje Estamos em Santos. Como sempre, teve luggage de manhã, que foi bem rápido, depois ganhamos 01h30 de break; de tarde, o luggage também foi rápido, às 15h40 todas as malas já estavam dentro do navio. Mas só fomos terminar tudo mesmo, as 16h30, quando a Jolle nos chamou na piscina e nos prendeu lá até quase 17h20. Depois fui na net, mas ngm estava online, voltei pra cabine e tomei um super banho, agora vou ler um pouco e ouvir música.

DIA 60 (29.03)
Hoje estamos em Búzios (again!). Só deu pra fazer a metade do teatro e depois do break, fiquei a maior parte do tempo ajudando o Terêncio, o jardineiro, depois foi o drill e depois meeting com a Laura, do HR, sobre costumes do povo europeu. Desci sozinho hoje, somente para usar a internet, deu pra ficar bastante tempo e a net estava boa. Encontrei com o Michel e o Lucas e voltamos juntos para o navio, fomos para o churrasco que teve aqui e estava bom demais e com bebida free... bastante gente lá, agora vou dormir que hj eu só entro as 2h, ganhamos um “time-off” por causa da festa do branco “White Party”, mas como eu não vou, vou dormir... see you!

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 4

DIA 37 (06.03)
Hoje estamos no Rio de Janeiro. Quando chegávamos ao Rio, o navio estava atracando e, de frente para o local onde o navio ficaria, estava tendo uma “rave”, foi quando lembrei que é carnaval no Brasil, e eu nem lembrava disso. O luggage do Rio foi “tranquilão” (como dizem os cariocas) tanto no desembarque quanto no embarque. O navio está com lotação máxima nesse cruzeiro de carnaval, fiquei sabendo que uns 4 que embarcaram em Santos, já foram expulsos do navio, a segurança vai ter muito trabalho nesses dias, rsrs. Hoje eu separei umas fotos para quando eu for pra Salvador, revelá-las, acho que vai ajudar a matar a saudade né... Agora vou dormir pra depois tentar ir na reunião de ensino bíblico que tem aqui no navio... See you!

DIA 38 (07.03)
Dia de navegação, amanhã temos over-night em Salvador, ou seja, o navio irá “dormir” em Salvador, pra mim é indiferente não irei descer mesmo, o Lucas disse que a cidade irá parar por causa do carnaval, não tenho o que fazer lá. O pessoal do navio está alertando todo mundo que pensa em descer para tomar cuidado com celulares, relógios e câmeras, toda hora eles anunciam no sistema de som. Hoje o trampo foi suave, ter o Hunter como supervisor não está sendo tão ruim assim, pelo menos até agora. Após o trampo, almocei e fui fazer “laundry”, lavar roupa. Terminei e pensei em ir na academia, mas como estava muito cheia, resolvi fazer uns exercícios na cabine mesmo. Adaptei uns e consegui fazer, estou com as pernas doendo. O Jonas chegou na cabine e ficou assustado, rsrs. Agora vou ler um pouquinho e depois arrumar a cabine, pois amanhã tem drill, e como sempre, inspeção de cabines. Good bye...

DIA 39 (08.03)
Chegamos em Salvador. Quando chegamos estava chovendo um pouquinho, mas já deve ter passado. Assim que chegamos, estávamos atracando ainda e o Mariner of the Seas estava chegando também, ele está acompanhando a gente desde Santos e também fará over-night aqui, de pensar que era pra eu ir pra lá e embarcar só dia 13/03... Bom, um ponto positivo de ser carnaval, é de que, como imagina-se que a maior parte dos hóspedes irá descer pra passar a noite em Salvador, o nosso setor de Facilities ganhou um “time-off”, iremos entrar só 5 horas, uhul. Estou pensando em dormir um pouco e depois ir jantar e entrar na net pra ver se o povo de casa está on, a casa da minha vó deve estar cheia, depois eu volto e durmo mais um pouco. Bom, é isso mesmo que vou  fazer, até logo!!!

DIA 40 (09.03)
Bom, hj ainda estamos em Salvador. Como era de se esperar, todo mundo desceu do navio, crews e guests. Eu preferi usar este tempo a mais – pois hj só iríamos entrar as 5h – para descansar mais. Aproveitei e dormi até umas 23h depois subi pra jantar (a janta esta horrível) e usar o wifi do navio, mas este não estava funcionando e não deu pra estabelecer contato com a nave-mãe. Voltei pra cabine e dormi mais. Quando iniciamos o trabalho, o tempo passou super rápido, fiz o teatro, como sempre, e depois do break eu e o Lucas ficamos encerando corredores de crews... Após o trampo, fomos eu, o Michel e o Lucas para a academia, corri quase 3km e fiz braços pernas, estou acabado. Agora, já tomei banho e vou dormir, nem vou ler ou ouvir música.

DIA 41 (10.03)
Dia de navegação. Saímos ontem de Salvador às 16h e chegaremos amanhã em Ilhabela. Hoje é quinta feira, é dia de culto lá na igreja, aqui a gente não costuma usar os dias da semana, então, quando descubro que é terça, quinta ou domingo, dá uma saudade e vontade de estar lá na Vida Nova, de ver meus irmãos, meus amigos, minha família. Hoje foi tranquilo durante a madrugada, de manhã teve o “pay-day”, o dia de pagamento!!! $$$!!! Hoje vai ter a “Festa das Máscaras” aqui no Vision, e nós ganhamos uma hora de “time-off”, entraremos as 2h, não sei se vou ou não. Acabei de chegar da academia, estou mais dolorido do que estava a algumas horas atrás, mas vale a pena, corri 2km de uma só vez e fiz mais braços e pernas, será que consigo manter o ritmo até o fim do contrato??? Estou cansado, mas ainda tenho que devorar uma barra de chocolate branco que eu comprei na semana passada em Ilhabela... Tchau!!!

DIA 42 (11.03)
Hoje estamos em Ilhabela. É a última vez que o navio vai passar por aqui, pois no próximo cruzeiro não tem Ilhabela e será de 6 dias, não mais de 7, depois começará os minicruzeiros de 3 e 4 dias que também não passarão por aqui. O pessoal do navio foi pro Sea Club, um clube de praia que tem aqui, não queria ir pra não gastar muito (o preço é consumação mínima de R$25,00!) mas acabei aceitando pq o Michel e a Taís queriam ir, mas quando chegamos lá a fila estava muito grande e eles tinham mudado a forma de pagto, mulher na faixa e homem R$50! Ae resolvemos ir pro Senzala, um restaurante que tem no centro da cidade e comer alguma coisa, assim poderíamos tb usar a net que eles tem lá. Pedimos uma porção de filé mignon que ninguém gostou, mas deu pra tc com o pessal da VN, a Ana, o Jhow e o Léo, só deu mais saudade. Quando chegamos, fomos pra cabine do Michel e lá rolou o pancadão – catucadão, como o Norman diz. Saí de lá quase 20h, vim pra cabine tomei um banho e agora vou dormir, estou exausto.

DIA 43 (12.03)
Hoje estamos em Santos, não é um dia muito bom pra mim, só de pensar que estou tão perto de casa de quem eu gosto e não pode descer e vê-los, já me deixa estressado. Aconteceu algumas coisas não muito boas durante o dia que me deixaram mais estressado ainda, mas já passou. O luggage foi, como sempre, ralaria. Acabamos quase 16h30. Nem fui pra academia hj, estou todo quebrado do luggage, e já sei que talvez amanhã tb não irei, se bem que no Rio o luggage é suave... agora vou ver uns arquivos aqui no pc e depois dormir.

DIA 44 (13.03)
Estamos no Rio de Janeiro. Hj o luggage foi suave pra quem fez, pois de manhã eu não o fiz, a Jolle me mandou para limpar uns vidros da escada externa da Vicking Crown. O sol estava muito forte, o suor pingava, e eu lá, fazer o que né, foi o que eu escolhi. Depois aproveitei o meu segundo break pra dormir um pouco, não estava com vontade de esperar uns 30 minutos para poder almoçar durante outros 30 minutos. O luggage da tarde tb foi suave, carreguei umas 5 malas só. Acabamos 13h30 e eu e a Luana descemos aqui no Rio pra comer no MacDonald’s, eu nunca fui de gostar de ir lá, mas agora que estou aqui, como qualquer coisa que não seja daqui. Na volta encontramos com a Taís e seus pais, ficamos conversando um pouco e depois voltamos pra navio. Agora vou ler um pouco e depois dormir, tchau...

DIA 45 (14.03)
Hoje estamos em dia de navegação, “sea day”, como falamos aqui. É um dia que temos para descansar mais, pois não há como descer. Mas hj eu, o Michel, o Lucas e a Taís fomos para a academia, eu precisava mesmo ir, pois os dias de luggage eu não fui, estava muito cansado. Hoje eu entreguei o formulário para que a minha família possa vir aqui no navio me ver e conhecer o navio, entreguei para o manager, ele disse que está quase certo, só falta agora os procedimentos que o Porto de Santos exige, a visita será dia 1º de abril, mas não é mentira não! Agora vou ler um pouco e depois dormir, assim que terminar de ler o livro que estou lendo, começarei a escrever o meu, um projeto antigo e que já está sendo estruturado, que Deus me dê inspiração!

DIA 46 (15.03)
Hoje estamos mais uma vez em Salvador. Descemos eu, o Michel, a Taís e o Éverton. Fomos na Praia e no Farol da Barra e passamos no Mercado Modelo, mas não entramos. Li em um letreiro que tinha o nome de um hotel na Praia da Barra: “Hotel Baía de Todos os Santos”, mas logo veio à minha mente que em Salvador, na Bahia ou em todo o Brasil, só há um Santo, e todos sabemos o nome dele: JESUS! Foi bom sair com eles, deu pra esquecer um pouco o navio. Quando voltamos, tomamos um banho rápido e fomos para a academia, temos que manter o ritmo, fiz mais pernas do que braços. Agora amanhã vou trabalhar todo dolorido. Bom, é isso, amanhã tem mais, tchau...

DIA 47 (16.03)
Hoje é dia de navegação. Assim que comecei o trabalho, me deu uma dor bem forte na barriga, tipo cólicas, uma dor que eu já tive várias vezes quando ainda estava em terra. Liguei para o Dilly, meu supervisor e ele me levou ao Medical Facilities, lá, a enfermeira de plantão me deu um remédio e disse que se não passasse, para eu voltar pela manhã. Como o remédio demorou para fazer efeito, o Dilly deixou eu voltar pra cabine e voltar a trabalhar somente às 8h00, quando o médico estaria atendendo. Vim pra cabine e dormi das 3h00 às 8h00, depois voltei ao trabalho normal. Hoje eu comecei a fazer “push”, que é como se fosse um “trampo extra”, mas só por uma hora, com a Bela, uma filipina que trabalha no housekeeping. Vai ser bom pra arrumar uma grana extra pra gastar na Europa, rsrs. Hoje eu não fui pra academia, vou descansar um pouco e amanhã eu volto aos treinos.

DIA 48 (17.03)
Hoje estamos em Búzios. Durante a noite o trampo foi de boa, mas logo após o break da manhã, fiquei muito estressado, pois tive que fazer um serviço que não é meu e no sol (lavar cadeiras) e ainda por cima não tive o segundo break. Fiquei muito irado, quase nem ia descer em Búzios, mas desci pois estava tendo uma “Crew Party”, festa de tripulantes. Já chegamos no final e nem deu pra aproveitar. Ficamos um pouco lá e depois voltamos pro navio. Já no navio, fomos pra academia, sempre o mesmo pessoal: eu, o Lucas e a Taís; o Michel não quis ir pois estava muito cansado. Agora já estou na cabine, amanhã pego as 3h00 pois tem luggage, agora teremos luggage 2 vezes por semana, vai ser mais trampo. Até mais!!!

sexta-feira, 11 de março de 2011

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 3

DIA 25 (22.02)
Dia em Salvador, e como sempre Drill, que é uma simulação de emergência. Hj fui designado a ajudar um grupo de resgate, afz... Hoje tive a oportunidade de, após o término do meu horário de trabalho, poder jogar futebol! Me impressionei quando vi o cartaz informativo em um dos corredores do navio. Mas lá fomos em um grupo de 15 pessoas, de táxi, para uma quadra da prefeitura de Salvador, bem legal lá. Foi muito divertido jogar com gente da Guatemala, de Honduras, da Jamaica, do Peru, do Reino Unido e com os brasileiros (éramos a maioria!). Tinham 2 jamaicanos que jogavam bem, mas a maioria... Ah como eu senti saudades dos ‘futs’ com o pessoal da Vida Nova. E senti muita saudade mesmo foi dos lançamentos do Jhow (snif, snif), tinha um brasileiro que até tentava, mas não era a mesma coisa, sempre errava, só acertou 2, um passou perto do gol, mas foi pra fora, e o outro não teve jeito: caixa! Gooool! Fiz 2 gols, um de oportunismo, de rebote, depois que a bola bateu na trave, e esse de cabeça, dei vários passes que resultaram em gols e meu time ganhou... Hj pude conversar, via internet, com o Léo, o Rodrigo e o Márcio, gente que eu amo muito e que deixei no Brasil. Enquanto eu estou tc com eles, sinto-me feliz, como se minhas forças aumentassem, mas quando faço o ‘logoff’, e volto para a cabine, toda aquela alegria se transforma em saudades. É difícil, mais difícil ainda é saber que estou aqui por minha própria vontade. Ae começam a vir as lembranças de momentos em que vivi com essa galerinha, momentos que eu sempre vou lembrar. Acho que Deus está me curando aqui, me curando de algo que eu mesmo não tenho conhecimento do que é, mas a cada dia ele fala comigo tremendamente. Voltarei dando valor às mínimas coisas da vida. Mas agora tenho que ir... See you!

DIA 26 (23.02)
Hoje estamos em Ilhéus, Bahia. Durante a noite o navio balançou muito, mas não tive que tomar o remédio para enjôos. Me atrasei um pouco no teatro e tive que correr pra terminar os elevadores e decks 5 ao 2. Depois do break o Norman me colocou pra fazer o corredor dos crews, e depois checar os decks 5 e 6. Após o almoço, descemos eu, a Luana, o Lucas e o ??? para a cidade. A cidade tem um estilo antigo, com praça, catedral e etc. A Catedral de São Sebastião é muito linda e grande. Gosto muito de ver as arquiteturas de igrejas e catedrais, imagino quando chegar na Europa e contemplar as catedrais renascentistas, as góticas então nem se fala... Foi legal, tiramos muitas fotos e é isso que importa, imagino como vai ser meu book fotográfico quando eu retornar para casa, daki a uns 7 meses. Já se foi quase 1 mês, e hj eu ainda penso em ficar aqui, não sei o que pensarei amanhã. O que sei é que hj eu daria tudo só para passar apenas uma semana em casa, mas não posso, o jeito é matar o tempo ora dormindo, ora descendo nas cidades. Agora, vou ler um pouco e depois dormir, tchau!

DIA 27 (24.02)
Hoje é dia de “sea day”, estamos em alto mar, ao meio dia, o capitão informou que estamos  perto de Vitória, no Espírito Santo. Enquanto eu e o Renan fazíamos o corredor dos crews, no deck 1, ouvimos o alarme de incêndio, “Bravo! Bravo! Bravo!”, o Renan ainda disse que só faziam Drill quando o Rhaudy estava dormindo, mas eu logo disse: “O Drill do incêndio é antes do nosso, e o nosso é sempre em Salvador, na terça-feira”, ou seja, era incêndio de verdade! No deck onde eu moro! Ae veio um monte de gente que é responsável por isso correndo, o Staff Capitain também. E eu e o Renan sem saber pra onde correr, o que fazer, veio a Luana dizendo que estava muito quente no Twent Deck, e o fogo era lá, na sala de máquinas. Logo lembrei do navio que ficou sem motor lá perto do México, alguns meses atrás. Mas graças a Deus tudo deu certo, o pessoal controlou logo o fogo e nada aconteceu de pior, foi aí que fui perceber o quão importante são os Drills. Depois tivemos reunião com a Joleen, o Dilly e o Manager, a Joleen me pegou cochilando e me fez ficar o resto da reunião (uns 15 minutos) em pé. Agora estou na cabine, vou fazer o de sempre, ler e depois dormir, tchau!

DIA 28 (25.02)
Hoje o navio está em Ilha Grande, que fica no Rio de Janeiro, perto de Angra dos Reis, embora eu imagine que Ilha Grande seja uma das ilhas de Angra dos Reis... Após todo o serviço, almoçamos e eu, o Michel, o Lucas e a Luana descemos para conhecer o lugar. A cidade, até onde conhecemos, é bem aconchegante, em estilo antigo, mais antigo até que Ilhéus, com uma igrejinha de estilo barroco e várias pousadas. Visitamos o “Poção”, uma espécie de cachoeira pequena, em que se forma um tipo de piscina natural. Depois comemos uma pizza, que me fez lembrar os momentos com o Jhow, o Rafael, o André, o Bruno... Passeamos um pouco pela cidade e voltamos ao navio. Amanhã estaremos em Santos, é desanimador saber que estou tão perto de casa e não posso descer. Daqui a uns 40 dias estaremos na Europa! Isso é a única coisa que me faz continuar aqui. See you!

DIA 29 (26.02)
Dia cansativo! Hj parece que o luggage de Santos foi o maior de todos. Fomos das 13h até quase 17h. Após o trampo, recolhi-me à minha cabine para descansar, sem antes lembrar que hj é níver do Rodrigo, e de que hj também, o povo da Vida Nova está fazendo um AcampaDentro lá na igreja. A igreja deve estar uma bagunça só. Lembro-me dos Acampadentros que eu participei, sempre foi D+!!! Saudades... Lembro-me também de cada pessoa que deve estar lá, cada rosto brilha na minha cabeça e me faz ficar com mais saudades. A palavra de hj, em que estou a meditar é bem condizente com o que sinto ao lembrar de tudo isso: “quero trazer à memória aquilo que traz alegria”. Mas logo eu estarei de volta, já estou quase vencendo a primeira etapa, das 8 que precisarei vencer. See you!

DIA 30 (27.02)
Como todo luggage, a gente hoje entrou às 3h, ou seja, a gente perde 2h e temos que fazer tudo voando, mas no teatro não tem como ser mais rápido, e eu tive que deixar coisas por fazer. Hoje o navio balançou muito, o Michel disse que até no setor dele deu pra sentir, quando o dia estava quase amanhecendo, fui ver como o mar estava e vi que realmente as ondas estavam bem altas, mais do que de costume. Vim na cabine tomar um remédio e o meu supervisor me pegou, pensando que eu estava voando. Voar: ir para a cabine quando em horário de trabalho para descansar, matar o tempo ou outras coisas. Depois me expliquei e ele disse que eu teria que avisá-lo. Os dois luggages foram bem rápidos, acho que levamos menos de uma hora para cada. Hoje foi domingo, daqui a pouco tem culto na Vida Nova, que saudade. Aqui tem um tipo de reunião cristã, aos domingos também, mas começa as 21h e vai até 23h, hj vou tentar ir, pq é muito difícil levantar mais cedo do que de costume.

DIA 31 (28.02)
Mais um dia normal à bordo do Vision of the Seas. Fiz a minha área hj com a companhia de uma “new hire”, ou seja, de uma nova tripulante, a Taís, que é do Rio de Janeiro. Fizemos toda a área no tempo normal e terminamos às 7h em ponto, já indo para nosso break. Depois o Norman fez o de sempre, me mandando cada dia fazer uma coisa. Hoje ele me mandou para a “Netfive”, uma espécie de corredor principal da área de tripulação. Fiquei lá até a hora de terminar o expediente. Amanhã estaremos em Salvador, estou pensando em descer, ainda não decidi, mas preciso descer mesmo em Salvador, pois só desci lá na minha primeira semana e na semana passada, mas foi para jogar bola. Nem sei o que pensar quando vejo que daqui 40 dias estaremos na Europa, um sonho será realizado. Agradeço à Deus por isso. Agora vou ler um pouco e depois dormir para recuperar a energia.

DIA 32 (01.03)
Hoje estamos em Salvador, Bahia. A gente só trabalhou 8 horas hoje, pegamos a 1h e fomos até as 7h, fizemos o break e depois quando voltamos, ficamos das 8h até ass 10h e depois foi nosso segundo break, aí vieram o Drill, uma espécie de treinamento de emergência que fazemos toda semana, e depois a “All Crew Meeting”, uma reunião geral com toda a tripulação e toda a chefia do navio, até o capitão Sreko Ban está nessa reunião. Como sempre, eles nos brindam com um pequeno show do pessoal artístico do navio, hj foi o “Terra Brasil”, um espetáculo com músicas brasileiras, cantado e dançado. Depois tivemos a reunião dos Facilities, que já é somente do nosso setor. O Diretor de Rh do Navio, o Samar (indiano) perguntou quem é que limpava a “netfive”, o Norman fez com que eu e o Rafael levantássemos a mão, pensei que vinha bronca, mas ele elogiou pelo excelente trabalho que nós fazemos ali, pois por ser área de crew, está bem limpa. Depois, quando acabou, era hora de bater o ponto e ir pra cidade, hj fomos apenas no Shopping Barra, que é muito grande e ficamos só lá. Comprei um fone de ouvido, assim é melhor de ouvir música e de teleconferências pela net. Chegamos quase 19h e estamos super cansados, vamos tomar basnho e dormir, pois daqui a pouco temos que pegar no trampo...

DIA 33 (02.03)
Dia de navegação. Saímos de Salvador e estamos indo para Búzios. Hoje o navio balançou muito, mas muito mesmo, tomei o remédio para enjôo, mas memso assim ainda fiquei meio mal. Não aconteceu muita coisa para escrever, assim que terminou o trampo, eu almocei e vim pra cabine, tomei um banho, li um pouco e dormi. Amanhã em Búzios, pretendo descer e procurar um lugar com wi-fi para poder mandar a carta que escrevi para a igreja, foi bom poder escrever esta cara, pois eu pude expressar um pouco o que estou sentindo. See you!

DIA 34 (03.03)
Hoje estamos em Búzios, após o trampo, eu, o Lucas, o Michel, a Luana e a Thaís descemos. Estava chovendo um pouquinho e a única coisa boa foi que usamos a internet de uma sorveteria pelo preço de um refrigerante em lata. Pude ler alguns e-mails e mensagens que deixaram pra mim, conversar com alguns amigos e saber o que está acontecendo no Brasil. Como sempre, conversar com os amigos me deixa na maior deprê, principalmente agora, que estou aqui nessa cabine, sozinho. Pude enviar a carta que escrevi para o pessoal do Brasil, será que vão ler? Quem irá se importar com o que eu estou passando aqui? O jeito é aceitar que eu estou aqui somente pq fui eu mesmo que quis. Agora vou dormir, good-bye!

DIA 35 (04.03)
Hoje estamos em Ilhabela, São Paulo. O dia está nublado, mas está muito quente assim mesmo e a nossa turminha de sempre (EU, A Luana, a Taís, o Michel e o Lucas) resolvemos descer, parece que a gente é mais turista do que os guests. O Lucas com suas filmagens no iPhone e a Luana sempre querendo tirar fotos... Pude ligar pra casa, falei com minha mãe e com meu irmão menos, o Samuel, foi a primeira vez que falei com ele desde que estou embarcado. Também liguei para minha tia Roseli, falei com ela e com minha vó, com esta foi mais difícil de falar, pois ela só chorava, rsrs. Depois fomos para um restaurante que tinha internet e ficamos algumas horas lá, pude voltar a ficar sabendo o que está acontecendo. Agora estou na minha cabine, amanhã é Santos e eu vou tentar pedir pra Jolee para ter um break maior e poder ver minha família, mas só Deus pra quebrantar o coração daquele mulher, pois em Santos é quase impossível a gente descer por causa do luggage, mas se for da vontade de Deus...

DIA 36 (05.03)
Hoje foi luggage em Santos. Hoje o Norman foi embora, depois de 8 meses longe de casa, ele vai ter férias, poder rever a família e amigos, na cara dele dava pra ver um misto de felicidade por poder estar indo pra casa e tristeza de ter que deixar os amigos aqui, mas são só 6 semanas e daqui a pouco ele está de volta, o Hunter ficará no lugar dele. Tentei pedir pra Jolee para que eu juntasse 2 breaks em um só e, assim, tivesse duas horas, para poder marcar um encontro com o pessoal de casa lá no terminal de passageiros mesmo. Assim como ela disse não pro Michel, que pediu a mesma coisa, só que no Rio de Janeiro, pra mim foi igual. Tentei argumentar dizendo que era de Santos e tals, a resposta dela foi de que “se eu sou de Santos, ela é da Nicarágua.” Fazer o que né? O luggage foi muito pesado hoje, pois entraram 2.100 guests, mais ou menos, o que dá uma médio de quase 5 mil malas. Começamos 12h30 e terminamos às 16h30! Correria, ralaria e eu pensando estar em Santos e não poder descer, deu raiva. Agora vai começar o cruzeiro de carnaval, teremos over-night em Salvador, a única que faremos no Brasil. Agora vou ouvir um pouco de música e depois dormir, não quero ler hoje, já terminei o livro que estava lendo e amanhã talvez eu comece outro.

sexta-feira, 4 de março de 2011

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 2

DIA 13 (10.02)
Hoje estamos em Búzios, após o trampo resolvemos descer um pouco. Já em terra, fomos à uma praça em que tinha wifi, pude conversar com alguns amigos e publicar no blog, espero que alguém leia. Mas tivemos que voltar logo, pois tínhamos treinamento às 5h, após o treinamento fomos eu e a Thaís para a internet do navio, que é super cara, mas ficamos uns minutos lá, pude teclar com o Rodrigo e o Léo, foi bom poder voltar a conversar com eles, mas a saudade bateu, acho que a partir de agora que a ficha vai cair, e eu vou me dar conta do que eu fiz, do que eu escolhi. Mas como eu tenho uma palavra que diz DEUS ESTÁ NO CONTROLE, vou até o fim, custe o que custar, doa o que doer. Fique sabendo que vai ter a festa do níver do Daniel, imagino a mulekada já reunida... Agora vou tentar dormir um pouco, pois preciso...

DIA 14 (11.02)
Hoje, como dormi muito pouco ontem e hoje, estava super mal, com fome e enjoado, quando estava quase terminando o Masquerade, pedi ao Dilly uns 15 minutos para poder tomar um café, ele concedeu. Mas junto com o café veio um chá de limão, cereal e leite. O café daqui é muito ruim, eu coloco um monte de sachês de açúcar e ele não fica doce, já estou até com saudade do café que o André fazia quando eu, ele e o Dantas ficávamos a noite toda jogando game. Parece que já estou aqui há tanto tempo... mas esse eh apenas o 14º dia, amanhã, em Santos, fazem 2 semanas que aqui estou. Santos é o único lugar em que eu faria qualquer coisa para ter um tempo livre de trabalho, para pode descer, visitar os amigos, a minha família e tal, mas é o único lugar também que não posso descer, devido ao excesso de trabalho e a carga horária, dá até raiva de saber disso... Hoje estamos em Ilhabela e fomos no Sea Club, como lá tem internet  wifi, pude me conectar ao mundo exterior, ao mundo que continua girando do lado de fora dessa grande banheira flutuante. Conversei, dentre outros com o Márcio, o Jhow e o André, que são lá da Vida Nova. Não sei, conversar com eles é bom, saber como estão as coisa lá, das novidades, mas quando eu chego aqui nessa cabine pequena, fico relembrando as palavras que trocamos e a saudade aí sim vem querer me atormentar. Mas tenho que ser forte né, afinal, foi isso que eu escolhi... See you!

DIA 15 (12.02)
Hoje o luggage foi dureza, acabamos quase as 17h, entrou no navio em torno de 2 mil passageiros, o que dá quase 4 mil malas, mais ou menos. De manhã, no meu primeiro break, pude ligar pra casa, falei com minha mãe e depois com minha avó e com meus tios, depois do luggage, conversei também com o Rafael, lá da Vida Nova, foi bom conversar com essas pessoas, mas como já disse, quando chego na cabine e fico lembrando da conversa, acabo lembrando também dos momentos bons e ruins que passei com essas pessoas, dá saudade. Amanhã eu entro as 3h de novo e vou até as 17h com pausas para o break, mas o luggage do Rio de Janeiro é suave em comparação com o de Santos. Bom, agora preciso ir dormir, pois já tem uns 3 dias que só durmo 4 horas...

DIA 16 (13.02)
Como é de praxe, o dia de luggage no Rio é suave, em menos de 1 hora a gente terminou tudo, e em tranquilidade, sem precisar daquela correria que tem em Santos. O resto foi o mesmo de todo dia, fiz o teatro Masquerade e os decks 2 ao 5. Uma coisa ruim aqui no navio é que vc tem que sempre fazer a mesma coisa, todo dia. Mas uns dizem que em terra é a mesma coisa... Amanhã eu trabalho uma hora a mais, pois quando vamos pra Salvador, precisamos atrasar uma hora, pois no Nordeste não tem horário de verão. Mas tudo bem né, quando o navio sai de Salvador, a gente trampa uma hora a menos, já que temos que adiantar uma hora. Agora vou nessa, see you!

DIA 17 (14.02)
Estando a tantos dias aqui nesse navio, onde a comida é importada e os canais de televisão são internacionais, até me esquece que ainda estou no Brasil. Mas hoje, enquanto me arrumava para ir trabalhar, pude ver a última parte do Fantástico, programa dominical que passa na Globo. Lembrei-me do Brasil, mas do Brasil que eu vivia há 18 dias atrás, do Brasil que, quando eu via o Fastástico, estava no BigBen Lanches, comendo um X-Frango com Dolly Limão (quando o André não inventava de trazer Dolly Maçã) com a rapaziada da Vida Nova. Se nos meus últimos dias de Brasil, eu não estava muito afim de ir pra igreja, hoje posso dizer que estou sentindo tanta falta daquele lugar. Aqui tem culto cristão, não sei como é, ainda não tive a oportunidade de ir, mas com certeza não é igual aos tantos cultos que eu participei na Vida Nova. Estou pensando em escrever um e-mail direcionado à toda a igreja, especialmente aos jovens, quem sabe eu faça isso assim que encontrar as palavras certas para me expressar melhor...

DIA 18 (15.02)
Mais um dia tranquilo, digo, até a hora em que terminei meu serviço, pois precisava ir lavar minhas roupas, que consistem em meias, cuecas e meu uniforme. Lavar roupa dentro do navio é o que qualquer tripulante não quer fazer jamais, pois as roupas são lavadas em uma máquina apropriada, que gasta 42 minutos lavando, quando vc coloca sua roupa, o sabão e liga a máquina, ela trava a porta e só libera 42 minutos depois. Mas onde é que nós secamos nossas roupas? Não, não colocamos as peças de roupa em um varal perto da piscina nem em cima da torre de comando. Tem uma máquina que seca sua roupa, depois de 45 minutos de espera, esta não trava a porta, vc pode tirar a roupa quando quiser, mas podem ainda estar molhadas. Ou seja, 1h27min para completar todo o processo, e durante o processo eu ia aproveitar para ir almoçar e depois passar no centro médico, mas o refeitório fechou antes e fiquei sem almoçar, e o centro médico só ia começar a funcionar as 15h, pensei em ir no HR, que é o que chamamos de RH no Brasil, para resolver um problema, mas estava fechado também e só ia abrir as 19h. Vim pra cabine, escrevi tudo isso, vou ler um pouco e depois dormir, para amanhã começar tudo de novo!

DIA 19 (16.02)
Hoje foi o niver da Thaís, teve festiva na cabine do Pedro, nem fui, sei como são essas festinhas. Fui com o Deivide para a academia do navio. Ele serviu de personal trainner, me mostrou como usar os equipamentos, para que serve cada um e quanto devo fazer. Já começo a ficar dolorido, ele falou que é normal, na verdade eu estava precisando de alguma atividade física, desde que saí do “Brasil terra”, não fiz mais nada. Não que antes eu fizesse, mas pelo menos tinha o futebol com o pessoal do Vida Nova F.C. Agora não tenho mais isso, e fico imaginando como será que eles estão jogando sem mim, não que eu faça falta, mas dá saudade, queria estar com eles, mas eu escolhi outro caminho, um caminho que me levará ao Velho Mundo daqui a pouco mais de 2 meses, e estou vendo que este para viajar por este caminho, tenho que pagar certos preços, abrir mão de certas vontades, mas saber que daqui a pouco, daqui alguns meses, estarei de volta, cheio de histórias e de saudades para compartilhar com todos eles. Ao pessoal da Vida Nova, saibam que eu amo a cada um de uma maneira especial! Bom, vou dormir pq daqui a pouco tenho que levantar para mais um dia de trampo.


DIA 20 (17.02)
Após a aula de musculação que o Deivide me passou, ele disse que eu a acordar todo quebrado, graças a Deus isso não aconteceu, apenas acordei com um braço doendo, mas foi pq devo ter dormido de mal jeito, pois logo ele passou, hj foi bom de trabalhar, mesmo o navio balançando muito eu não enjoei, fiz o Masquerade no mesmo tempo de sempre, aproximadamente 3 horas, e depois fiz as escadas, deu até tempo de ver o nascer do sol do deck 5. Depois do primeiro break, eu, a Thaís e o Rafael fomos lavar cadeiras no deck 10, bagunçamos bastante. Depois, tínhamos treinamento (isso nunca acaba?) e como o treinamento acabou 15 minutos mais cedo, fomos no Café tomar um café, encontramos com o capitão Srenko Ban, que nos cumprimentou com um “Bom dia, tudo bom?” em português, rsrs e conversamos um pouco com a menina do café, que dentre outras coisa disse que no corredor onde eu e a Thaís moramos, um filipino se matou e dizem que já o viram por aqui depois disso... :S Após, ligamos para o Norman que nos mandou de novo para as cadeiras do deck 10, mas ficamos apenas uns 30 minutos, pois deu a nossa hora. Agora o pessoal tudo desceu em Búzios, eu preferi ficar aqui, pra ler um pouco e depois dormir.

DIA 21 (18.02)
Hoje eu terminei o serviço mais cedo, e se eu mostrasse ao Dilly que tinha terminado mais cedo, ou ele me daria outra coisa pra fazer, ou me mandaria para o break mais cedo do que eu gosto, então fui para o deck 5 e fiquei no corredor externo vendo o mar e conversando com um guest de Minas Gerais, conversamos por uns 20 minutos e depois chegou o Kostyantin, tiramos fotos com o guest e fiquei sabendo que o Kostyantin vai embora amanhã. Enquanto conversávamos, um cardume de golfinhos começou a seguir o navio, deram uns 5 saltos por fora da água, parecia cenas de filme. Depois, descemos em Ilhabela, a turminha de sempre, almoçamos em um belo restaurante que tinha internet wifi, e pude conversar com alguns amigos, entre eles o André, da Vida Nova. A comida estava maravilhosa, acho que foi a primeira vez que eu comi com gosto depois que entrei nessa grande lata velha que flutua. Voltamos para o navio e eu e o Deivide fomos no HR pra pegar um formulário que nos dá direito a uma coisa muito boa, mas que só contarei o que é assim que se confirmar. Agora vou dormir pq amanhã é ralaria em Santos, de manhã desembarque e a tarde embarque...

DIA 22 (19.02)
Hoje foi dia de luggage e foi aquela correria né. Marquei de me encontrar com um tio meu que traria algumas coisas para mim, mas esqueci de que, ao contrário dos portos de Salvador e Rio de Janeiro, aqui em Santos não se pode entrar na área portuária sem um credenciamento, ou seja, meu tio quase foi preso pela Polícia Portuária... Tentei encontra-lo no meu break de 1 hora e meia, fui até o terminal de passageiros e ele já tinha ido embora, mas despachou minhas coisas como bagagem de crew. Dentro do ônibus que me levou e me trouxe do terminal, pude lembrar do dia do meu embarque, foi há 22 dias, mas já parece uma eternidade, o dia em que vi minha mãe  e pessoas que amo pela última vez, deu saudade... Voltei para o navio com 40 minutos de atraso que, por sorte, não foram notados pelos meus supervisores. Recebi as coisas, minha mãe mandou mais até do que eu pedi, rsrs. Liguei para a minha vó materna, coisa que ainda não tinha conseguido fazer, que ela chorou ao telefone nem preciso dizer né. Conversou comigo por uns 5 minutos pensando que era meu tio de Curitiba. Ela disse que a Dª Valmira está vindo para cá dia 01/04, foi bom saber disso, quem sabe eu dou uma passadinha na cabine dela, rsrs. O luggage foi cansativo, agora, que já guardei tudo o que recebi (minha cabine está parecendo uma bomboniere), vou tomar um banho e dormir, pois já volto ao trampo às 3h00.

DIA 23 (20.02)
Luggage tranquilo aqui no Rio de Janeiro, aliás, nem fizemos o da manhã, pois quando retornamos de nosso break, ele já tinha terminado. No break do almoço fui com a Ana no MacDonald’s aqui do Rio, que fica bem pertinho do Terminal de Passageiros. Foi a primeira vez que consegui9 descer no Rio, e lembrei o dia em que eu fui tirar meu visto americano. O luggage da tarde, que são os passageiros que estão embarcando hoje, foi suave, com 2 horas +/- a gente já tinha terminado. Fui então tomar um café no Deck 6 e acabei ganhando uns MM’s, a moça de lá é bem legal com a gente. Agora, que a minha cabine parece uma bomboniere, nem sei o que comer, vou tomar um banho e dormir, amanhã tem mais.

DIA 24 (21.02)
Como sempre, na noite em que o navio sai do Rio de Janeiro ele balança muito, mas não foi preciso tomar o remédio que, aliás, descobri hj que o navio fornece aos tripulantes, peguei um monte, rsrs. Hoje não se tem muito o que falar, foi a mesa coisa de sempre, Masquerade e escadas do deck 5 ao 2 antes do break e depois à serviço do Norman. Hj ele me mandou para o que seria a minha área mesmo, o que está no meu cartão de cleaner, mas que eu só fui lá uma vez (e me perdi, quase entrei na cabine do capitão, rsrs). E depois fui fazer as escadas de crew, 42,43 e 44, como eu moro na 42, aproveitei e dei uma passada na cabine para descansar um pouco, tomar um suco e tals. Agora que já tomei banho e fiz a barba, vou ler um pouquinho e depois dormir, estou precisando.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

DIÁRIO DE BORDO - PARTE 1

DIA 1 (29.01)
Bom, o dia começou beeem cedo, dormi mau e quando chegamos no Porto, o meu embarque atrasou por causa de uns filipinos. Na fila de check-in conheci a Luana e a Taís, que junto com o Renan estão sendo meus helpers aqui. O Vision tá cheio de brazukas e eles ajudam bastante tb, demos uma volta com a Jolly, que é como se fosse a responsável pelo setor de housekeeping, conhecemos o nosso supervisor, Norman, um filipino muito gente boa, que tira sarro de tudo, e eu como não gosto né...
O difícil tá sendo entender o inglês de cada um, com muito sotaque, mas vi que aos poucos a gente se acostuma, agora estou indo para o RJ, vou dormir um pouco pq já são 22:40 e a minha escala saiu, pego à 1h da madruga até 1h da tarde, é bom que dá pra descer do navio de dia, qdo eu tiver tempo... A comida não eh tão ruim assim não.
Conheci meu companheiro de quarto, brazuca, e de Santos, Jonas. O lek aparenta ser gente boa, deu umas dicas e tals... Estou adorando!

DIA 2 (30.01)
Hoje já tivemos a escala, fiquei com um ucraniano no teatro do navio, mas não sei se vou me adaptar fácil, o teatro fica na proa do navio e nos decks 5 e 6, ou seja, balança muito. Fiquei meio enjoado, mas fiquei mais foi com dor de cabeça. O ucraniano, Kostiantyn, ficou tirando uma, saía toda hora pra fazer não sei o quê. O inglês dele é muuuuuito difícil de entender, com muito sotaque, toda hora ele falava um monte de coisa e perguntava se eu entendi, e eu respondia que não.
Quando a gente sai de um curso de inglês, pensa q já sabe tudo, que pode sair por aí falando com todo mundo, aqui eu vi que não é assim, aqui /tú/ é o que eu aprendi como /two/, e por aí vai. Após o trampo hj, ficamos um bom tempo no deck dos crews, que fica na popa do navio, é bem legal lá, dá pra ver bastante coisa ao seu redor. Como estávamos atracados no RJ, deu pra ver o Cristo Redentor um pouquinho longe, mas deus, agora vou dormir, pq daqui a pouco tenho q bater cartão de novo.

DIA 3 (31.01)
Bom, hj eu voltei a ficar com o ucraniano, que apelidamos de Schevchenko... Hj ele me ajudou mais, só parou pra tomar o chá dele, é costume. Mas aquele lugar balançou muito, pois ontem saímos do RJ e só amanhã que chegaremos em Salvador, ou seja, sea day, dia de navegação, em alto mar. Tive que vir na cabine pra tomar um remédio de enjôo, melhorou um pouco, depois que terminamos, fui fazer os decks 2 ao 5, o que parece q vai ser meu local definitivo, segundo o Dilly, o supervisor da noite, é legal ele, mas soh fala em inglês, e qdo vê q você não tá entendendo nd mesmo, faz mímica. Já estou andando sozinho pelo navio, conheço os principais lugares onde tenho que ir. Tivemos dois treinamentos hj, o bom é que foi durante o horário do trabalho, hehe. Amanhã chegaremos em Salvador, e o pessoal está combinando de descermos, vai ser bom... Até mais!

DIA 4 (01.02)
Hoje eu não fiquei com o Constantine, ele estava doente. Sozinho, fiz o Masquerade Theatre e depois os decks 2 ao 5, fui para meu break e depois fomos para a área da piscina, ajudar os pools attendants. Chegamos lá bem na hora em que o navio estava chegando em Salvador, depois fomos para o Drill, uma espécie de treinamento de emergência feito com a tripulação, que acabou quase na hora do nosso fim de trabalho. Descemos em Salvador, a impressão que deu é de um centro de Santos do tamanho de Salvador, a cidade e muito suja e cheira a acarajé por todo lado, fomos na praia da Barra, meio esquisita, prefiro as do Guarujá. Já no Elevador Lacerda, descemos pra cidade baixa e fomos no Mercado Modelo e comprei 2 postais da cidade. Ainda em Salvador fiz a primeira ligação telefônica para minha mãe! Foi legal conhecer Salvador... Yeah!

DIA 5 (02.02)
Hoje o dia foi tranquilo, durante a hora de trabalho eu fique nos mesmos lugares que antes: Mascarede Theatre e Decks 2 ao 5. O Dilly não gostou de que eu comecei pelos decks e depois fui para o Mascarede, mas foi o que o Norman havia falado antes... Após o horário de trabalho, fomos para a cabine do Rennan, onde vimos TV e comemos chocolate. Depois de uns 30 min, cada um foi para sua cabine, pois estamos muito cansados porque não dormimos quase nada para poder descer em Salvador...

DIA 6 (03.02)
Ontem o Norman, um dos meus 3 supervisores, disse para hj eu seguir meu Cleaner Card, mas qdo eu fui começar o horário de trabalho, o Dilly disse para mudar, e fazer o que eu já estava fazendo, o Mascarede Theatre e os decks 2-5. Terminei as 7h, fui para o break e quando voltei o Norman já estava lá, mandou eu, o Rennan, a thais e o Rafael para a piscina, lavamos cadeira até a hora do nosso segundo break, que foi das 11h as 12h, e o Norman deu a ultima hora de trabalho livre para nós. Agora estamos em Buzios, aqui não tem porto, o navio fica ancorado e barquinhos levam os passageiros e tripulantes para a cidade, descemos eu, o Rennan, a Thais e o Deivide, fomos em uma praia, ficamos um tempo e depois demos uma voltinha pela cidade, bem bonitinha. Aproveitamos para comprar umas guloseimas e acabamos perdendo a noção da hora, pois tínhamos treino as 5h, chegamos as 16:55 no navio, só deu tempo de trocar de roupa e correr pra deck 6, chegamos alguns minutos atrasados. Agora que o treinamento já terminou, estamos cada um em sua cabine, vamos dormir um pouco pq daki a pouco começa tudo de novo...

DIA 7 (04.02)
Dia mais que perfeito, estivemos em Ilhabela e fomos à um clube onde tem internet wifi, pude conectar um pouco e ficar sabendo das novas, conversei com o Léo, o Felipe e o Adilson, lá da igreja,foi bom, mas deu vontade de estar com eles. Mas Deus sabe o que faz, ainda se passou apenas uma semana. Depois a net caiu e não deu pra conversar mais. Voltamos para o navio e só fomos começar a trampar as 3h pq amanhã é lugage em Santos e o trampo é maior, desembarque de manhã e embarque a tarde...

DIA 8 (05.02)
O lugage não foi tão ruim como estavam falando, foi corrido, mas não tããão cansativo. Terminamos as 5h, fiquei vendo o navio sair do porto de Santos e pude conversar um pouco com minha avó. Depois fomos eu e o Rennan na Lavanderia, pois tínhamos que lavar as nossas roupas e uniforme. Fui dormir bem tarde, já vi que amanhã, outro lugage, vai ser um daqueles dias...

DIA 9 (06.02)
O lugage do Rio de Janeiro é mais tranquilo que em Santos. Se em Santos embarcam 1000 ou 1300 passageiros aproximadamente, no Rio são só uns 500. Mas não é pelo número de passageiros que se mede o tamanho do nosso trabalho, e sim pelo numero de malas que cada hóspede traz. Tem gente que tanta coisa, que a mala dele, pra passar 7 dias, é maior que a minha, que vim para passar 8 meses! Mas enfim, em umas 2 horas terminamos tudo, e já estava na hora em que terminávamos o expediente. Cheguei na cabine, tomei um banho e dormi que só acordei as 23:30...

DIA 10 (07.02)
Para que o tempo não passa aqui dentro dessa banheira gigante que flutua. Só estou aqui há 10 dias, mas parece bem mais tempo. Já estou me acostumando com o serviço, não preciso mais de instruções sobre o que tenho que fazer ou não, só quando sou mandado para outra área. Já consigo compreender melhor o Norman e o Kostiantyn. Ontem o navio balançou muito, parece que o mar entre o Rio de janeiro e o Espírito Santo e mais agitado do que o resto da costa brasileira. Me deu náuseas mais fortes que o costume. Mas depois passou quando eu fui tomar café. O café aqui é coisa de louco, nunca que eu em casa iria tomar café da manhã com frutas, pães, ovos, bacon, suco de laranja, iogurte e cereal. O Rennan se pesou e disse que já engordou quase 2 quilos. Nem quero ver se eu engordei ou não. Talvez amanhã a gente começe a malhar, se a preguiça e o sono deixarem...

DIA 11 (08.02)
Hoje estamos em Salvador, não iremos descer, temos treinamento das 13h as 14h30. Hoje teve drill, que é uma espécie de treinamento em caso de emergência. Fui para a minha Muster Station e fui designado para fazer parte de um grupo responsável por evacuar um certo deck e depois ligar para a ponte de comando confirmando a evacuação. Não deu pra começar a malhar, talvez amanhã a gente vá. Aqui em Salvador não tem horário de verão, então na noite em que saímos do Rio de Janeiro temos que atrasar 1h, e na noite em que saímos daqui, adiantamos 1h, por isso essa noite eu vou trabalhar uma hora a menos o que vai me deixar mais corrido do que antes...

DIA 12 (09.02)
Dia de ‘sea day’ é tranquilo, mas quando se tem 1h a menos não. Fiz o teatro normal, mas quando cheguei nas escadas tive que correr, senão não ia ter break as 7h, o horário em que eu gosto de fazer o primeiro break. Após o break das 7h, o Norman me mandou para fazer a área do ‘cleaner card’, mas eu só tinha ido lá uma vez, me perdi neh, fiz nem sei o que, acabei parando em frente a cabine do capitão! Depois do segundo break, o Norman me mandou fazer um doble check no teatro e nas escadas, foi bom pq deu pra fazer o que não tinha sido feito. As 10h foi ‘pay day’, agora já tenho dinheiroo! Dólares!!! A tarde foi tensa, dois treinamentos e após os treinamentos eu e o Rennan fomos colocar dinheiro nos nossos cartões. Após isso eu vim pra cabine, vou tentar ler um pouco e depois dormir. Fuiz!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Algumas Palavras...

Bom gente, estou aqui para informar que me mudaram (de novo!) de navio. Agora vou para o "Vision of the Seas" e embarcarei apenas um dia antes, dia 29/01/11, em Santos mesmo. Por um lado foi bom, pois sei que um amigo que fiz durante o processo de embarque estará nele também, e o itinerário dele é melhor que os dos outros dois navios para o qual eu ia. Agora eu fico mais tempo no Brasil, mas depois, quando o navio for para a Europa, ficarei entre o Mediterrâneo e o Mar Báltico, passarei por 22 países, entre eles: Alemanha, Irlanda, Inglaterra, Espanha, Portugal, Dinamarca, Suécia, Polônia, Egito, Israel, Itália...
Tá chegando o dia, só faltam 2!!! Na segunda já tive a minha despedida com o pessoal do futebol, foi legal, marquei 2 gols e me despedi dos que já não ia ver mais. Agora estou aqui nos últimos detalhes da viagem de 9 meses. Antes do embarque vou tentar postar ainda... 
A dica de hoje é o blog da Joice, New Life on Board, que embarcará no Vision tb.
See you latter!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O PROCESSO TODO

Estava no quinto estágio do curso de inglês quando resolvi preencher o formulário de uma empresa cuja função é contratar funcionários para companhias de cruzeiros. Já havia tentado antes, sem sucesso. E, mesmo que fosse chamado, a faculdade não deixaria que eu me ausenta-se por seis, oito ou dez meses, o período básico de um contrato em um navio de cruzeiros.
De fato, já havia até esquecido deste projeto, o que reacendeu o desejo de ingressar nessa área foi que, em uma certa manhã de sábado, ao chegar para mais uma aula de inglês, meu amigo Weslley (hoje no Costa Victoria) informou-me que havia sido chamado para uma entrevista, e aconselhou-me a fazer um cadastro também. Como já havia feito o cadastro antes, apenas atualizei meus dados, informando que já havia terminado a faculdade de Letras, que cursava à época do cadastro. Foi tudo muito rápido, em menos de dez dias eu já havia sido chamado para uma entrevista – em inglês –, havia sido aprovado e estava fazendo os cursos de “Vida a Bordo”, que é basicamente sobre os procedimentos de embarque e desembarque, normas contratuais, problemas médicos, descrição da posição, salários e toda a rotina de um tripulante em um navio de cruzeiro, e o “Específico”, que é voltado para o departamento que você pretende atuar. Pois muitas vezes o candidato tem conhecimento e experiência na área que foi aprovado, mas nem sempre suficientes para os padrões exigidos em um navio de cruzeiro, esse curso serve para informar como é a rotina de trabalho a bordo e também prepara para a entrevista final com a companhia contratante, lhe proporcionando melhores chances. Também já sabia a minha função e a minha companhia: eu seria cleaner na Royal Caribbean International.
Dezesseis dias após a primeira entrevista, já havia feito os cursos e estava diante do entrevistador da companhia, um dos responsáveis pelo recrutamento no Brasil. Devido ao nervosismo, muitas palavras me fugiram na hora, fato que me deixava ainda mais nervoso e que me fez crer que não seria aprovado. Deram o prazo de uma semana para que chegasse a resposta, via e-mail. Quando abri minha caixa de correio eletrônico não acreditei com o que lia, estava aprovado. Começaria então uma nova correria, a do passaporte, do STCW, dos exames médicos necessários e de toda documentação, em poucos meses eu estaria embarcando em um navio em alguma cidade do mundo.
Alguma semanas depois, recebi o e-mail com a minha data de embarque e o nome do meu novo lar, embarcaria dia 13/03/2011 no Mariner of the Seas. Nesse tempo, fui ao posto da Polícia Federal para tirar o meu passaporte. O atendimento foi super rápido, cerca de dez minutos. Isso ocorre porque, antes, é necessário o preenchimento de um formulário no site da Polícia Federal e a ida ao posto, com hora marcada, é apenas para a confirmação de dados e coleta de assinatura e digitais. No prazo estabelecido, sete dias, estava pronto o meu passaporte.
Como fui contratado por uma companhia americana, eu precisava de um visto americano para tripulante de navio, o C1/D, um visto emitido pelo Consulado dos Estados Unidos para tripulantes de navios de cruzeiro. Na realidade este visto são dois, pois o C1 é um visto de trânsito, que assegura ao tripulante de navio permanecer 72 horas em solo americano sem a necessidade de visto de turismo e o visto D é o visto destinado a marinheiros e tripulantes de navios. E caso seu navio tenha o território americano como ponto de parada, este visto se torna obrigatório também. Pelo mesmo método do passaporte, foi necessário o preenchimento de um formulário on-line, onde, dentre tantas outras perguntas, tive que responder se estava indo aos EUA para me prostituir, se tinha me prostituído nos últimos dez anos, se já participei de processos de tortura, se já me juntei com grupos de milícias, narcotráfico ou terrorismo, se pretendia me juntar a tais grupos e se sabia manusear armas de fogo. Foi marcada então, uma data para que eu fosse ao Consulado Geral Americano fazer a entrevista.
De 6 a 9 de dezembro/2010 foi o meu STCW, sigla de Standards of Training, Certification and Watchkeeping for Seafarers (Normas de Formação, Certificação e Serviço de Vigia para os Marítimos) que no bom português virou CBSN (Curso Básico de Segurança em Navio). O objetivo do curso é “qualificar o aluno, não tripulante, para tarefas a bordo de navios de passageiros, dando-lhe conhecimentos básicos sobre medidas de segurança a bordo, de acordo com algumas regras e normas”. São 34 horas, divididas em 4 disciplinas: “Segurança Pessoal e Responsabilidade Social”, “Primeiros Socorros Elementares”, “Prevenção e Combate a Incêndio (teoria e prática) e “Técnicas de Sobrevivência Pessoal e Procedimentos de Emergência (teoria e prática)”. Para ser aprovado, o participante precisa obter de nota igual ou superior a 6,0 (seis) em uma escala de 0 a 10 na avaliação teórica, ter uma frequência mínima exigida de 90% do total das aulas, ser aprovado em prática de salvatagem e sobrevivência que consiste em: “saltar de uma plataforma de 3m, utilizando colete salva-vidas”, “nadar 15m com colete salva-vidas”, “permanecer flutuando por 10 minutos”, “praticar o acesso a partir da água para a embarcação de salvamento utilizando colete salva-vidas”, “ser aprovado em prática de combate a incêndio que consiste em combater incêndio de pequenas proporções utilizando extintores e mangueira”. Graças a Deus fui aprovado, e o salto da plataforma de 3m não foi tão difícil assim.
Marcaram então o dia da consulta médica, no próprio escritório da Infinity Brazil tem um setor médico. Chegando lá algumas pessoas aguardavam o atendimento, a maioria não era de primeiro contrato, e foi bom conversar com essas pessoas, eles te dão muitos feedbacks que ajudam muito. Na minha vez, após preencher alguns formulários da própria Royal Caribbean, a médica fez algumas perguntas sobre determinadas doenças, se eu já tive ou se alguém da minha família teve, respondi tudo não. Logo depois colhi a amostra para o exame anti-dopping. Fiz a maioria dos exames solicitados na rede pública de saúde (SUS), paguei apenas por 2, pois esqueci deles e tinha que ter logo o resultado. E acabava essa etapa pra mim.
Como estava perto o dia da entrevista no Consulado Americano, fui na Infinity buscar os documentos que eu teria que apresentar lá no Rio de Janeiro, já que no Consulado de São Paulo não tinha mais vagas. Foi quando reparei que algo estava errado na minha carta de embarque, lá marcava “Splendour of the Seas”, falei pra eles que estava errado, que eu iria pro “Mariner of the Seas”, foi quando fui informado de que haviam me mudado de navio, e que tinha adiantado minha data de embarque, não embarcaria mais dia 13/03/11, embarcaria dia 30/01/11, havia perdido quase 45 dias! Fiquei meio triste, pois já conhecia uma galeria do Mariner e já gostava do navio.
Chegou então o dia da entrevista no Consulado Geral Americano, na cidade do Rio de Janeiro, que foi super tranqüila. Em inglês, o entrevistador perguntou-me por que eu queria o visto, qual a companhia que eu iria trabalhar, o nome do navio, a posição que eu iria exercer no navio, quanto eu iria ganhar, se esse valor era por mês ou por semana e qual o motivo que me fazia ir trabalhar em navio. Depois de uma semana meu passaporte chegou com o visto de um ano, o que me deixou triste, já que a todos que eu conhecia estava ganhando 5 anos.
Nos últimos dias de dezembro/2010, fui em um posto de saúde perto de casa para tomar as vacinas de febre-amarela e anti-tetânica, descobri que tinha uma vacina atrasada, levei mais um furinho no braço. Logo no início de 2011 fui no posto da ANVISA em Santos para tirar a minha certificação internacional da vacina de febre-amarela, pois todo viajante que sai de um país com foco da doença tem que ter essa certificação, e principalmente quem vai para a Europa. Fui super bem atendido, atendimento que, aliás, foi super rápido e eu já saí de lá com a certificação.
            Bom, esse foi o meu processo, não sei, deve variar um pouco de agência para agência e de pessoa para pessoa, mas não foge muito. Espero ter ajudado alguém que queira entrar para o mundo de tripulante e não sabe ainda os procedimentos. Agradeço a amiga Robertinha, que embarcará no Splendour of the Seas também, só que uma semana depois que eu, ela também mantém um blog que conta tudo sobre como está sendo o processo dela, vale a pena conferir: VIDA DE TRIPULANTE.